Mapa de risco: o que é, como fazer e exemplo visual passo a passo
O mapa de risco é uma das ferramentas mais conhecidas e eficazes na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Na minha vivência como profissional de SST, vejo muitos equívocos na sua aplicação, especialmente após as atualizações nas NRs. Por isso, neste artigo, vou explicar de forma direta e atualizada o que é um mapa de risco, sua função, como fazer corretamente e mostrar um exemplo prático.
O mapa de risco é uma representação gráfica dos riscos presentes em cada setor de uma empresa. Ele utiliza uma planta baixa ou croqui do local e identifica, por meio de círculos coloridos e de diferentes tamanhos, os tipos e os níveis de risco aos quais os trabalhadores estão expostos.
Seu objetivo principal é tornar visível e compreensível para todos os envolvidos os perigos do ambiente de trabalho, facilitando a prevenção e o controle de riscos.
Caro leitor, se quiser entender a relação entre as NRs. De uma lida nesse artigo, tenho certeza que não irá se arrepender: os melhores livros de Segurança do Trabalho para 2025.
Embora o mapa de risco não esteja diretamente descrito em uma grande quantidade de normas, ele está associado a dispositivos legais que tratam da percepção e gestão de riscos no ambiente de trabalho. Veja as principais normas brasileiras que o mencionam ou embasam sua aplicação:
A versão anterior à reforma de 2022 exigia explicitamente que a CIPA elaborasse o mapa de risco como uma das suas atribuições.
Após a atualização, a NR 5 passou a exigir que a CIPA elabore uma ferramenta de percepção de riscos, e o mapa de risco é uma das formas mais tradicionais e recomendadas de atender a essa exigência.
📎 Referência: NR 5.13.2 (após atualização):
“A CIPA deve acompanhar a identificação de perigos e avaliação dos riscos no ambiente de trabalho e apresentar propostas de medidas de prevenção.”
A partir da revisão de 2022, a NR 1 consolidou a obrigatoriedade do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).
Embora o mapa de risco não seja mencionado literalmente, ele é uma ferramenta complementar ao PGR, e pode integrar a etapa de identificação e comunicação de perigos.
📎 Referência: NR 1.5:
“O PGR deve contemplar os riscos ocupacionais, inclusive aqueles identificados com a participação dos trabalhadores, e estar articulado com as demais NRs.”
Estabelecia a padronização das cores e critérios do mapa de risco, baseando-se no modelo da Fundacentro.
Ainda é usada como referência em treinamentos, apesar de estar revogada na prática com a nova estrutura normativa.
Utilizadas como referência técnica para reconhecimento de riscos físicos, químicos e biológicos.
Os dados dessas avaliações alimentam a construção do mapa de risco com embasamento técnico.
Embora não citem o mapa de risco diretamente, algumas normas ajudam a estruturá-lo com base em levantamentos técnicos, como:
ABNT NBR ISO 45001: sistema de gestão de SST
ABNT NBR 14100: higiene ocupacional – agentes químicos
ABNT NBR 10152: níveis de ruído para conforto acústico
O mapa de risco não é mais exigido como documento obrigatório, mas continua sendo amplamente recomendado para cumprir obrigações da NR 1 e NR 5 quanto à percepção e comunicação de riscos. Ele serve como prova de boa gestão preventiva, útil em auditorias, fiscalizações e treinamentos internos.
A utilidade do mapa de risco vai muito além da obrigatoriedade legal. Ele:
Promove a conscientização coletiva;
Serve como base para ações do PGR e DDS;
Facilita a comunicação entre CIPA, SESMT e trabalhadores;
Reduz acidentes, afastamentos e custos com sinistros.
Os riscos são classificados conforme a sua natureza, e cada tipo é representado por uma cor:
Cor | Tipo de Risco | Exemplos |
---|---|---|
Verde | Físicos | Ruído, calor, radiações, vibrações, pressões anormais |
Vermelho | Químicos | Poeiras, fumos, gases, vapores, produtos tóxicos |
Marrom | Biológicos | Vírus, bactérias, fungos, parasitas |
Amarelo | Ergonômicos | Postura inadequada, peso excessivo, repetitividade |
Azul | Acidentes | Risco de queda, choque elétrico, máquinas desprotegidas |
O tamanho dos círculos representa o grau de risco:
Pequeno: risco leve
Médio: risco controlável
Grande: risco elevado
Com a atualização da NR 1 (2022), a elaboração do mapa de risco deixou de ser obrigatória. A NR 5 agora exige que a CIPA desenvolva uma ferramenta de percepção de riscos, sendo o mapa de risco uma das opções mais recomendadas pela sua simplicidade e eficácia.
Ignorar essa exigência pode acarretar multas, processos e exposição a acidentes.
Segundo a NR 5, a elaboração deve ser feita pela CIPA, com orientação do SESMT. Em empresas sem CIPA, pode-se contratar uma consultoria especializada.
O mais importante é garantir a participação ativa dos trabalhadores, que vivenciam os riscos no dia a dia.
Converse com os trabalhadores, consulte o PGR e DDSs anteriores. Avalie ruídos, produtos químicos, ergonomia, etc.
Separe a planta ou croqui da empresa por setores ou áreas.
Realize entrevistas ou dinâmicas para identificar percepções de risco.
Classifique cada risco como leve, médio ou elevado.
Utilize os círculos coloridos e em tamanhos proporcionais à gravidade.
Apresente em reunião e obtenha aprovação formal dos membros.
Entrada de setores, refeitórios, vestiários e murais internos são locais ideais.
Usar apenas para “cumprir tabela”, sem uso efetivo
Falta de atualização após mudanças no processo
Não divulgar aos trabalhadores
Representações confusas ou erradas (cores, tamanhos)
O que é um mapa de risco na segurança do trabalho?
É um diagrama visual que mostra onde estão os riscos em uma empresa, com base em cores e tamanhos de círculos.
O mapa de risco ainda é obrigatório segundo a NR 5?
Não, mas é obrigatória uma ferramenta de percepção de risco, e o mapa é a mais indicada.
Quem pode elaborar o mapa de risco?
A CIPA, com apoio do SESMT. Em empresas menores, pode ser feito por consultores.
Como identificar os riscos?
Através de entrevistas, observação direta, relatórios técnicos e PGR.
Com que frequência o mapa deve ser atualizado?
Sempre que houver mudanças no processo ou anualmente, junto com a CIPA.
Onde fixar o mapa de risco?
Em locais de ampla circulação, como entradas de setores, murais, refeitórios.
Posso usar o mapa de risco no PGR?
Sim. Ele complementa a análise preliminar de riscos.