Como elaborar um laudo técnico de periculosidade: passo a passo com exemplos práticos
Como elaborar um laudo técnico de periculosidade: passo a passo com exemplos práticos
Na rotina da Segurança do Trabalho, um dos documentos mais decisivos é o laudo técnico de periculosidade. Ele é a base legal para o pagamento (ou não) do adicional de 30% previsto na NR 16 e na CLT.
Na minha experiência como Engenheiro de Segurança, vejo muitos profissionais e empresas pecarem por não saberem exatamente como estruturar esse laudo, o que abre brechas para autuações, passivos e até mesmo o pagamento indevido do adicional.
Por isso, neste artigo, você vai entender:
Quem pode elaborar o laudo;
Qual estrutura ele deve seguir;
Quais erros evitar;
E um exemplo prático que você pode adaptar na sua empresa.
O laudo técnico de periculosidade é um documento obrigatório para caracterizar ou descartar a exposição de um trabalhador a atividades perigosas, conforme definição da NR 16.
Esse laudo é exigido pelo artigo 195 da CLT e deve ser elaborado sempre que houver dúvida, mudança no processo, ou questionamento interno ou externo (inclusive fiscalizações).
Sem ele, a empresa não pode fundamentar a decisão de pagar ou não pagar o adicional de periculosidade.
Somente dois profissionais são legalmente habilitados para elaborar e assinar o laudo:
Médico do Trabalho
Engenheiro de Segurança do Trabalho
Ambos devem estar registrados no MTE e possuir responsabilidade técnica.
“Uma dica de ouro que sempre dou: o laudo deve ser imparcial. Você não é advogado da empresa, mas um profissional técnico que precisa garantir respaldo legal.”
Identificação do Empregador
Razão social, CNPJ, CNAE, endereço
Identificação do Empregado (se for laudo individual)
Nome, função, setor, jornada
Objetivo do Laudo
Determinar a caracterização (ou não) da periculosidade segundo a NR 16
Metodologia Utilizada
Inspeção in loco, entrevistas, análise documental (PPRA, PGR, FISPQ)
Descrição da Atividade
Detalhamento da tarefa, produtos manuseados, equipamentos utilizados
Identificação dos Agentes de Risco
Inflamáveis, explosivos, eletricidade, motoci… conforme NR 16
Avaliação da área de risco
Planta baixa, raio de alcance, barreiras, sinalização
Verificação de EPIs e EPCs
Eles não descaracterizam a periculosidade, mas devem ser mencionados
Conclusão Técnica
“As atividades desenvolvidas caracterizam periculosidade nos termos da NR 16, Anexo X”
Responsabilidade Técnica
Nome, CREA/CRM, assinatura, data, ART
Funcionário opera bomba de combustível em posto revendedor, com exposição direta a inflamáveis líquidos.
Conclusão: Caracteriza periculosidade, conforme Anexo 2 da NR 16.
Utiliza botijão de GLP inferior a 135kg em área aberta, conforme normas técnicas.
Conclusão: Não caracteriza periculosidade, conforme item 4.1 da NR 16.
Utilizar modelo de insalubridade para periculosidade
Não mencionar o Anexo da NR 16 aplicável
Deixar de assinar com ART
Ignorar mudanças no processo que exigem reavaliação
Caro leitor, se quiser entender a relação entre as NRs. De uma lida nesse artigo, tenho certeza que não irá se arrepender: os melhores livros de Segurança do Trabalho para 2025.
O Brasil registrou cerca de 5 milhões de acidentes e 18 mil mortes por acidente de trabalho entre 2012 e 2019 (gastos estimados em R$ 85 bi)
Em 2021, o INSS gastou mais de R$ 17 bi com auxílio-doença acidentário e R$ 70 bi com aposentadoria por invalidez acidentária .
Ferramentas como drones, realidade virtual e inteligência preditiva estão se tornando comuns na área. As NRs também passam por constantes atualizações.
Valorização salarial: aumento de até 47,5 % com pós-graduação (segundo a Catho).
Networking: troca de experiências e oportunidades na pós.
Crescimento profissional: mais chances de promoção e acesso a cargos de liderança.
Atualização constante, alinhamento com boas práticas e inovações tecnológicas.
1. O laudo é obrigatório para pagar o adicional? Sim. A CLT exige a comprovação técnica.
2. O laudo vale por quanto tempo? Não há validade fixa, mas deve ser atualizado sempre que houver mudança significativa.
3. O que acontece se eu não fizer o laudo? A empresa fica vulnerável a autuações e processos trabalhistas.
4. EPIs eliminam a periculosidade? Não. Diferente da insalubridade, os EPIs não descaracterizam a periculosidade.
5. Pode ser um laudo por setor, ou precisa ser individual? Pode ser coletivo, desde que as atividades sejam idênticas e os riscos iguais.